O partido do presidente teve vitória tranquila no pleito e garantiu, além da maioria absoluta no legislativo, 23 dos 24 governos estaduais


Maduro celebra com apoiadores os resultados das eleições que consolidaram o seu poder na Venezuela. Foto: Federico PARRA / AFP

Porto Velho, RO - O partido do presidente Nicolás Maduro venceu com tranquilidade as eleições de domingo 25, nas quais a maioria da oposição decidiu não participar e convocou um boicote. Os resultados preliminares indicam que a legenda garantiu 23 dos 24 governos estaduais, além da provável maioria absoluta no Parlamento.

Dez meses após a questionada reeleição de Maduro e os distúrbios posteriores, o chavismo obteve 82,68% dos votos nas listas nacionais do Parlamento, que ainda aguardam a apuração de cada circunscrição.

“Hoje demonstramos o poder do chavismo”, celebrou Maduro na praça Bolívar de Caracas, após o anúncio dos resultados. “Esta vitória é a vitória da paz e da estabilidade de toda Venezuela”.

A líder opositora María Corina Machado pediu a seus partidários que não votassem, em meio à sua denúncia de fraude nas eleições presidenciais de 28 de julho do ano ado.

O baixo comparecimento nas seções eleitorais predominou nas principais cidades do país. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), acusado de servir a Maduro, fixou a participação em 42,6% dos 21 milhões de eleitores aptos a votar.

“Grande farsa”

As eleições aconteceram poucos dias após a prisão do dirigente Juan Pablo Guanipa, próximo a Corina Machado, e de outros opositores acusados de integrarem uma “rede terrorista” para sabotar o pleito.

O governo mobilizou mais de 400 mil efetivos para a segurança da votação, restringiu as agens fronteiriças e suspendeu a conexão aérea com a Colômbia.

A imagem de seções eleitorais desertas contrasta com a concorrida disputa presidencial do ano ado, que terminaram em protestos contra a proclamação da vitória de Maduro, com 28 mortos e mais de 2.400 detenções.

“Desnudamos esta grande farsa e os centros de votação ficaram isolados, vazios”, disse Corina Machado, que está na clandestinidade, em um vídeo publicado na rede social no X. Ela voltou a pedir que militares “atuem” contra Maduro.

“Eles têm a obrigação de fazer isso”, insistiu.

Capriles eleito

Uma pequena cisão da oposição não aderiu à convocação de Corina Machado e participou do pleito neste domingo. O grupo foi liderado pelo duas vezes candidato presidencial Henrique Capriles, que conseguiu uma vaga no Parlamento.

“O que é melhor, ter voz e lutar dentro do Parlamento, ou, como fizemos em outras ocasiões, abandonar o processo eleitoral e deixar o Parlamento em sua totalidade para o governo" />
O almirante Neil Villamizar participa da votação na Venezuela. O militar, próximo de Maduro, foi escolhido para governar Essequibo, uma região em disputa com a Guiana. Foto: Pedro MATTEY / AFP

Disputa judicial

A Guiana reivindicou à Corte Internacional de Justiça (CIJ) que ratifique as fronteiras estabelecidas em um laudo de 1899, mas a Venezuela recorre ao Acordo de Genebra firmado em 1966, antes da independência da Guiana do Reino Unido, que estabelecia as bases para uma solução negociada.

“Mais cedo ou mais tarde, terá que se sentar comigo para conversar e aceitar a soberania venezuelana”, disse Maduro a seu homólogo guianense Irfaan Ali.

“Com um governador, recursos, orçamento e todo o apoio que vou oferecer, vamos recuperar o Essequibo para o povo”, afirmou o venezuelano.

Fonte: Carta Capital